31/12/15

© FJorge | Dezembro, 2015

  Em que pensas tu? 
– No amanhã.

Nanni Moretti

23/12/15

© Roy Andersson | Canções do Segundo Andar, 2000

'escreveu poesia até ficar doido'

Roy Andersson

22/12/15

© Martin Parr / Magnum Photos, 1975

Viver fora de si, por estar mais além de si mesmo. Viver disposto ao voo, pronto para qualquer partida.

María Zambrano

21/12/15

Zaza Urushadze | Tangerines, 2013


Porque a amizade (já o disse antes) não é uma dádiva do céu, é uma espécie de tesouro escondido onde só se alcança depois de ter vencido caminhos e tempestades, e ter enfrentado monstros e gigantes, e ter atravessado florestas e subido montanhas, mil vezes soçobrando e mil vezes recomeçando de novo a partir da solidão e do exílio. 

Manuel António Pina, in Por outras palavras 

17/12/15

© René Groebli

"assim descobrirá a beleza de partes do seu corpo às quais não prestava atenção até agora, e ficará surpreendida com isso."

Junichiro Tanizaki in, A Confissão Impudica

10/12/15

© FJorge | Dezembro, 2015

...
Liberdade não conheço senão a liberdade de estar preso em alguém
Cujo nome não posso ouvir sem arrepio;
Alguém por quem me esqueço desta existência mesquinha,
Por quem o dia e a noite são para mim o que quiser.
E meu corpo e espírito flutuam em seu corpo e espírito
Como troncos perdidos que o mar afoga ou levanta
Livremente, com a liberdade do amor,
A única liberdade que me exalta,
A única liberdade por que morro.

Tu justificas minha existência:
Se não te conhecer, não vivi;
Se morrer sem te conhecer, não morro, porque não vivi.

Luís Cernuda

03/12/15

...I say thank you but no... no thank you.

Letters Live | Kylie Minogue, 2015 


To all those at MTV,

I would like to start by thanking you all for the support you have given me over recent years and I am both grateful and flattered by the nominations that I have received for best male artist. The air play given to both the Kylie Minogue and P. J. Harvey duets from my latest album murder ballads has not gone unnoticed and has been greatly appreciated. So again my sincere thanks.
Having said that, I feel that it's necessary for me to request that my nomination for best male artist be withdrawn and furthermore any awards or nominations for such awards that may arise in later years be presented to those who feel more comfortable with the competitive nature of these award ceremonies. I myself, do not. I have always been of the opinion that my music is unique and individual and exists beyond the realms inhabited by those who would reduce things to mere measuring. I am in competition with no-one.
My relationship with my muse is a delicate one at the best of times and I feel that it is my duty to protect her from influences that may offend her fragile nature.

She comes to me with the gift of song and in return i treat her with the respect I feel she deserves - in this case this means not subjecting her to the indignities of judgement and competition. My muse is not a horse and I am in no horse race and if indeed she was, still i would not harness her to this tumbrel - this bloody cart of severed heads and glittering prizes. My muse may spook! May bolt! May abandon me completely!
So once again, to the people at MTV, I appreciate the zeal and energy that was put behind my last record, I truly do and say thank you and again I say thank you but no... no thank you.


Yours sincerely, 
Nick Cave 
21 oct 1996

01/12/15

Dave Gahan and Soulsavers | Angels & Ghosts, 2015


“Now, 'You Owe Me' I think is a little bit of a dig at everything. It might even be, subconsciously, a bit of a dig at the world, I don't know. Looking at yourself in the mirror, catching that reflection. Not being entirely happy with what you see staring back at you. This song is definitely me getting a little bit testy with everything and everyone around me. And really, sort of standing up and saying: fuck you. You owe me. And it's actually very positive in that way, too. You've got to stand up and do something if you want something to change.”

Dave Gahan, aqui.

18/11/15

© Liga Amigos Jardim Botânico | 100 Anos 100 Árvores

A paz não é nada que venha de fora. É uma imensa construção para a qual fomos feitos e que começa exactamente no coração de cada um. Nós somos responsáveis pela nossa paz e pela paz no mundo.

António Alçada Baptista

14/11/15

13/11/15

© Tiago Figueiredo | Nepal


Se viajar fosse fácil, hoje tirava o dia para subir ao topo de uma montanha.

Tiago Figueiredo

11/11/15


Depeche Mode | Songs of Faith and Devotion, 1993

09/11/15

"Mev-lut!"

It was a voice full of love, the voice of someone who had read the letters he'd sent during his military service, a trusting voice. Mevlut remembered those letters now, hundreds of them, each written with genuine love and desire; he remembered how he had devoted his entire being to winning over that beautiful girl, and the scenes of hapiness he'd conjured in his mind. Now, at last, he'd managed to get the girl. He couldn't see much, but in that magical night, he drew like a sleepwalker toward the sound of her voice.
...
© Philippe Halsman

...
Mevlut got out and walked toward the back in the darkness. As he was shutting the door on the girl, there was a flash of linhtning, and for a moment, the sky, the mountains, the rocks, the trees - everything around him - lit up like a distant memory. For the first time, Mevlut got a proper look at the face of the woman he was to spend a lifetime with.

He would remember the utter strangeness of thar moment for the rest of his life.

Orhan Pamuk, in A Strangeness in My Mind

05/11/15

© Alípio Padilha | Zola Jesus - Musicbox Lisboa, 03.11.2015

Regressa em pensamento ao concerto onde a música explodia...

Adam Zagajewski 

04/11/15

© Dean Chalkley | Dave Gahan

“In the darkness is where I find all my ideas of redemption, knowing and understanding.”

Dave Gahan

03/11/15

 © Martin Parr / Magnum Photos, 1975


Só de vez em quando os seus pensamentos perdiam-se num nevoeiro de suave melancolia.

Robert Musil

01/11/15


Dave Gahan & Soulsavers | The Light The Dead See, 2012


...
The light grows, a white flower.
It becomes very intense, like music.
...

Frank Stanford, in The Light the Dead See


29/10/15

© Anton Corbijn | Depeche Mode, 1988

Alguém dizia que a música terminara sem que ninguém tivesse reparado.
Até que alguém disse algo relacionado com os planetas, com as estrelas,
com a sua pequenez, como estão longe.

Mark Strand


28/10/15


Zola Jesus | Taiga, 2014


estou nesta vida provisória sabendo que não há outra
como o poeta que vinha para a vida
e a quem deram dias
eu vinha para os dias e tive horas
...

Rosa Oliveira

26/10/15

© Toby Harvard

Não me comovi. Comovido já eu estava: com as coisas, comigo, com a chuva sobre a cidade.


Herberto Helder

22/10/15

© Martin Parr / Magnum Photos | Tokyo, 2000


O homem prático pede que o avisem quando alguma coisa muda. Um poeta como Auden, ao contrário, insiste em avisar o mundo de que algumas coisas não mudam e que esse é, afinal, o seu fascínio.

Gonçalo M. Tavares, in O Senhor Eliot e as conferências

19/10/15

© Bill Hayes | Oliver Sacks

My journals are not written for others, nor do I usually look at them muself, but they are a special, indispensable form of talking to myself.
The need to think on paper is not confined to notebooks. It spreads onto the backs of envelops, menus, whatever scraps of paper are at hand. And often transcribe quotations I like, writing or typing them on pieces of brightly colored paper and pinning them to bulletin board.
...
© Bill Hayes | Oliver Sacks

...
I am a storyteller, for better and for worse. I suspect that a feeling for stories, for narrative, is a universal human dispotion, going with our powers of language, consciousness of self, and autobiographical memory.

The act of writing, when it goes well, gives me pleasure, a joy, unlike any other. It takes me to another place - irrespective of my subject - where I am totally absorbed and oblivious to distracting thoughts, worries, preoccupations, or indeed the passage of time. In those rare, heavenly states of mind, I may write nonstop until I can no longer see the paper. Only then do I realize that evening has come and that I have been writing all day.

Over a lifetime, I have written millions of words, but the act or writing seems as fresh, and as much fun, as when I started it nearly seventy years ago.

Oliver Sacks, in On the move

12/10/15

© Fernando M. | Agosto, 2015


É misteriosa a forma como corpo e pensamento se entendem ou desentendem, como convivem e negoceiam. Também pertencemos ao nosso corpo.

Dulce Maria Cardoso

08/10/15


Nick Cave and The Bad Seeds | B-sides & Rarities, 2005


Feliz aquele que administra sabiamente a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias.

Ruy Belo

06/10/15

A minha obra é o meu corpo,

© Helena Almeida | o meu corpo é a minha obra.

                                               

30/09/15


© Lisa Cholodenko | Olive Kitteridge, 2014
© Lisa Cholodenko | Olive Kitteridge, 2014


Life is a messy odyssey that straddles the line between comedy and pathos. 

Lisa Cholodenko

28/09/15

© Fernando M. | Agosto, 2015

Abre o meu corpo
para um lado misterioso e frágil.
Distende o meu corpo. Depois encurta-o retira-lhe 
contorno, peso.

Fernando Assis Pacheco

23/09/15

© Martin Parr/Magnum Photos | Martin Parr estúdio, 2009


Memória como um quarto, como um corpo, como um crânio, como um crânio que encerra o quarto no qual um corpo está sentado. Como na imagem: «um homem estava sentado sozinho no seu quarto».
«O poder da memória é prodigioso», observa Santo Agostinho. «É um santuário imenso, imensurável. Quem poderá sondar as suas profundezas? E, no entanto, é uma faculdade da minha alma. Embora faça parte da minha natureza, o certo é que eu não posso compreender tudo aquilo que sou. Isto significa, portanto, que a mente é demasiado estreita para se conter inteiramente a si mesma. Mas onde está a parte da mente que a própria mente não contém? Estará algures fora da mente ela mesma e não dentro dela? Nesse caso, como poderá fazer parte de mente, se não é contida por ela?»

Paul Auster, in Inventar a solidão

18/09/15

© Sebastião Salgado | Campo de Refugiados -Tanzânia, 1994


"Somos um animal muito feroz, um animal terrível, nós, os humanos. Seja na Europa, seja em África, seja na América Latina, seja onde for. Somos de uma violência extrema. A nossa história é uma história de guerras. É uma história interminável, uma história de opressão, uma história de loucura.

Sebastião Salgado, in O Sal da Terra

14/09/15

© Enzo Sellerio


nas casas as luzes apagam-se como pessoas desaparecidas
uma noite a hora muda e ficamos tristes uma hora mais cedo
o perfume do outono fica nas papilas, nos olhares
...

Rosa Oliveira

10/09/15

© Berengo Gardin

...ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor...

Nuno Júdice

07/09/15

© André Kertesz


Claro, dirão, ler é bom para os sentimentos, para os abanar: por favor, não introduza dados quantitativos no prazer da leitura.
Porém, não esquecer: o que faz cada um com o que leu à velocidade que leu? Paisagens e sítios de chegada. Contabilidade económica da leitura.
(Não podemos ler tudo. Somos mortais, meu caro)

Gonçalo M. Tavares, in Breves notas sobre ciência, o medo e as ligações

21/08/15

© Fernando M. | Lisboa, 2015



Põe uma folha em branco na mesa à sua frente e escreve estas palavras com a sua caneta. Foi. Nunca mais voltará a ser.

Paul Auster, in Inventar a solidão

20/08/15

© Enzo Sellerio



O arrependimento só devia ser permitido aos mortos. Os vivos podem sempre agir. Corrigir.

Dulce Maria Cardoso, in O chão dos pardais

19/08/15

© Bernardo Martins, 2015


O mundo começava com uma chegada, que era uma partida. Com uma viagem. É ali: lugar a que mais tarde viria a dar um nome. Um lugar que começou a crescer, até não haver lugar algum. Ou só a indiferença de todos os lugares...

Rui Nunes, in Barro

18/08/15

© Harry Callahan


Não sei há quanto tempo isso foi nem sei mais nada sobre o que se passou depois. Nós, os mortos, não sabemos mais do que sabíamos durante a nossa existência terrena e o nosso testemunho é exactamente igual ao que diríamos se fôssemos vivos.

Teresa Veiga, in Gente melancolicamente louca

17/08/15

© Gabor Szilasi | Lake Balaton, 1954


O tempo confunde-nos, não é? Os físicos sabem brincar com ele, mas o resto de nós tem de contentar-se com um presente que passa a correr e se transforma num passado incerto e, por mais baralhado que esse passado possa estar na nossa cabeça, estamos sempre a mover-nos inexoravelmente em direcção a um fim.

Siri Hustvedt, in Verão sem homens

14/08/15

© Vivian Maier | Lovers, Coney Island, 1955


O que em tempos foi o futuro é agora o passado, mas o passado volta como uma memória presente, é aqui e agora no tempo de escrever. Mais uma vez, estou a escrever-me a mim mesma noutro lugar. Nada impede que isso aconteça, pois não?

Siri Hustvedt, in Verão sem homens

07/08/15

© David Oelhoffen | Viggo Mortensen - Loin des hommes, 2014

O que sabemos não é nada comparado com o que nos sentimos impelidos a fazer movidos pela bondade do nosso coração. A sabedoria não se pode transmitir. E, no momento da verdade, não abandonamos nós a sabedoria e não a substituímos pelo amor?


Henry Miller, in Os livros da minha vida

06/08/15

© Vivian Maier 



...há um nome que se prolonga sem resposta: assim começa o exílio...

Rui Nunes, in Armadilha

04/08/15

© Harry Callahan


Se o homem perdeu a crença na imortalidade, qual é então o valor que a substitui?, perguntou Mário. A liberdade, respondi. 


António Ramos Rosa, in Tenho dó das estrelas - Prosas seguidas de diálogos

03/08/15

© Tiago Figueiredo | Bombaim


A sua vida já não parecia situar-se no presente. Sempre que via uma criança, punha-se a imaginar o adulto que essa criança viria a ser. Sempre que via um velho, punha-se a imaginar a criança que esse velho fora.

Paul Auster, in Inventar a solidão

21/07/15

© Bernardo Martins, 2015


I could only tell you about the technique. The music, the silence, the words and the beauty, those you already know.

Bernardo Martins

15/07/15


Nick Cave and The Bad Seeds | No More Shall We Part, 2001


As I sat sadly by her side
At the window, through the glass
She stroked a kitten in her lap
And we watched the world as it fell past
Softly she spoke these words to me
And with brand new eyes, open wide
We pressed our faces to the glass
As I sat sadly by her side

She said, "Father, mother, sister, brother,
Uncle, aunt, nephew, niece,
Soldier, sailor, physician, labourer,
Actor, scientist, mechanic, priest
Earth and moon and sun and stars
Planets and comets with tails blazing
All are there forever falling
Falling lovely and amazing"

Then she smiled and turned to me
And waited for me to reply
Her hair was falling down her shoulders
As I sat sadly by her side
...

Nick Cave