27/02/15

© Marion Ettlinger | Siri Hustvedt


After reading the essays collected in this book, I understood that although they take on a number of subjects, they are linked by an abiding curiosity about what it means to be human. How do you see, remember, feel, and interact with other people? What does it mean to sleep, to dream, and to speak? When we use the word self, what are we talking about?
(...)
It is importante to remember that despite the plethora of solutions, who we are and how we got that way remain open queries, not only in the humanities but in the sciences as well.

Siri Hustvedt, in Living,Thinking, Looking - essays


"O Valor da Liberdade - diálogos sobre as possibilidades do humano" com Siri Hustvedt, sábado 28, na SIC Notícias, às 20h. Repete domingo, às 14h30 e 01h30.

26/02/15

© Vivian Maier

"gosto da forma como te olhas no espelho, como um médico inclinado sobre o paciente, sem nenhuma ansiedade mas uma sombra aflorando na expressão, a descoberta sempre de algo que virá a ser grave, aplicas o creme, apertas os lábios, cumprimentas os sinais e adivinhas-lhes ecos, essa metamorfose ridícula, só tu sabes como estás velha, mais bela do que nunca, paciente, é a tua vez de jogar, sentas a morte e até já lhe contas histórias, doseias a luz, serves o chá, fazes algumas sugestões, tens essa tua lista delicada, uma gente que está claramente a mais, gosto da forma como bailas nestes pequenos rituais, como se cada gesto se dependurasse de uma nota soando perfeitamente, caindo na seguinte, fazes-me acreditar que muito depende disto, que o dia não começa nem acaba sem que te assomes ao espelho e lhe ofereças algumas coordenadas"

Diogo Vaz Pinto, in O Melhor Amigo

25/02/15

© The Salt Of The Earth | Wim Wenders & Sebastião Salgado

"one thing I knew about this Sebastiao Salgado was that he really cared about people, after all, people are the salt of the earth." 

Wim Wenders

24/02/15

© Larry Towell


We feel that even if all possible scientific questions be answered, the problems of life have still not been touched at all.

Ludwig Wittgenstein, in Tractatus Logico-Philosophicus

23/02/15

© Romain Veillon


O palácio está em ruínas... Dói ver no parque o abandono
Da fonte sem repuxo... Ninguém ergue o olhar da estrada
E sente saudade de si ante aquele lugar-outono...
Esta paisagem é um manuscrito com a frase mais bela cortada...

Fernando Pessoa in Ficções do Interlúdio 1914-1935

21/02/15



A história é o registo do aumento das liberdades? A liberdade depende do desenvolvimento? A riqueza e a desigualdade ameaçam a liberdade? A tecnologia emancipa ou aprisiona? As liberdades mudam de geração para geração? A experiência da liberdade depende da geografia? A arte expressa e antecipa as liberdades? As crises e a violência comprometem a liberdade? As utopias emancipam ou alienam? A liberdade humana tem futuro? Que novas liberdades queremos inventar?  

Estreia hoje
e
repete aos domingos,

aqui

21 FEV. Gilles Lipovetsky | 28 FEV. Siri Hustvedt | 07 MAR. Dani Rodrik | 14 MAR. John Gray | 21 MAR. Pedro Ferreira | 28 MAR. Seyla Benhabib | 04 ABR. Fernando Henrique Cardoso | 11 ABR. Mark Mazower | 18 ABR. Antony Beevor | 25 ABR. Francisco Bethencourt

20/02/15

© Michael Kenna


Fazia frio no meio das árvores.

Cesare Pavese, in A guitarra quebrada

19/02/15

© Romain Veillon

As cortinas vermelhas e as persianas brancas agitavam-se embatendo no rebordo da janela e a luz que entrava em convulsões irregulares tinha um tom acastanhado e um certo ar de abandono ao passar pelas cortinas atormentadas pelo vento. Dava um tom acastanhado a um armário, avermelhava uma cadeira e fazia a janela ondular no flanco do jarro verde.
Por um instante tudo vacilou, tudo mergulhou numa atmosfera de ambígua incerteza, como se uma  grande mariposa flutuando no quarto tivesse ensombrecido com as suas asas trementes a imensa solidez das cadeiras e das mesas.

Virginia Woolf, in As ondas 

18/02/15

   
© Gbenro Sholanke

também isto é
sublime e quotidiano.

Gabriel del Sarto

16/02/15

© Owen Humphreys

A palidez me toma e não é por medo: é que também eu estou sob a influência da tempestade que se forma. A intranquilidade do mundo. Os pássaros fogem.

Clarice Lispector, in A Descoberta do Mundo

15/02/15

© Romain Veillon

"Se for andando pelas ruínas hei-de encontrar amor e mais amor."

Frederico Garcia Lorca, in O Público

14/02/15

A memória faz de nós o que somos.

© Bleddyn Butcher | Nick Cave - West Berlin, 1985


A nossa alma e a nossa razão de viver estão ligadas à memória.

Nick Cave, aqui.

13/02/15


Nick Cave and The Bad Seeds | Murder Ballads, 1996


The writer who refuses to explore the darker reaches of the heart will never be able to write convincingly about the wonder, magic and joy of love, for just as goodness cannot be trusted unless it has breathed the same air as evil, so within the fabric of the love song, within its melody, its lyric, one must sense an acknowledgement of its capacity for suffering.

Nick Cave, in The secret life of the love song - The complet lyrics 1978 - 2013

12/02/15

© Owen Humphreys

Mas um dia vou falar do mar de um modo melhor. Aliás, acho que vou começar um pouquinho agora. Vou falar do cheiro do mar que às vezes me deixa tonta.

Clarice Lispector, in A Descoberta do Mundo

11/02/15

© Ferdinando Scianna

In “Loving Literature: A Cultural History,” Deidre Shauna Lynch, a professor of English at Harvard, shows us that it wasn’t always this way. For a long time, people didn’t love literature. They read with their heads, not their hearts (or at least they thought they did), and they were unnerved by the idea of readers becoming emotionally attached to books and writers. It was only over time, Lynch writes—over the century roughly between 1750 and 1850—that reading became a “private and passional” activity, as opposed to a “rational, civic-minded” one."

10/02/15

Chromatics | Night Drive, 2007



"ainda vais escrever um poema sobre isto"

E. Ethelbert Miller 

09/02/15

© Richard Glatzer&Wash Westmoreland | Still Alice, 2014

The art of losing isn’t hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn’t hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother’s watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn’t hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn’t a disaster.

—Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan’t have lied. It’s evident
the art of losing’s not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

Elizabeth Bishop, in “One Art” from The Complete Poems 1926-1979

08/02/15


The Antlers | Hospice, 2009

Deveria ser dado que morrêssemos
Com um amor ainda vivo em nós,
Como deveria ser dado a um pássaro 
Morrer naturalmente em pleno voo.

Nuno Rocha Morais

07/02/15

Em quem pensar, agora, senão em ti?

07.02.1935 - 09.05.2010

"Os meus mortos levaram consigo, de mim, palavras, memórias, dias, lugares, desígnios, incertezas; os seus olhos guardam para sempre o meu rosto, os seus ouvidos a minha voz. Também eu morri com eles, e também eu, o que fiquei, me perdi fora de mim. Onde quer que eles estejam agora, quem quer que sejam agora, estou, pois, junto deles. E pertencem-me, tanto quanto provavelmente eu lhes pertenço." 

Manuel António Pina, in Por outras palavras

06/02/15

© Sergio Larraín


Mas um dia ainda hei de ir, sem me importar para onde o ir me levará.


Clarice Lispector, in A Descoberta do Mundo

05/02/15


Wild Beasts | Present Tense, 2014


Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.


Álvaro de Campos

04/02/15

Jeff Bridges: Sleeping Tapes, 2015


“J’aime écouter des sons intriguants quand je m’enfonce dans mes rêves”. Jeff Bridges, alias The Dude dans “The Big Lebowski” vient de sortir “Sleeping Tapes” avec l’aide du compositeur Keefus Ciancia, auteur notamment de la BO de True Detective. Les 15 titres, qui peuvent être écoutés sur Internet, doivent aider l’auditeur à s’endormir, même si ils peuvent “être écoutés à n’importe quel moment de la journée”, a expliqué l’acteur.
Les bénéfices de l’album seront reversés à l’association “No Kid Hungry” qui lutte contre la sous-alimentation des enfants aux Etats-Unis. Toujours aussi cool The Dude.

in Les Inrockuptibles

03/02/15


Anna Calvi & David Byrne | Strange Weather, 2014


...
Tudo o que quero dizer levaria
mais tempo do que aquele que tenho
aqui.


Jorge Gomes Miranda

02/02/15

© Damien Chazelle Whiplash, 2014 


Se as palavras têm limites cabe ao poeta violá-los. O melhor conselho que posso deixar a um jovem poeta que o queira fazer é que leia muita poesia. Só depois escreva poemas, fazendo-o sempre contra aquilo o que leu. E no final, que siga a recomendação de Osbert Sitwell: “A poesia é como peixe; se é fresco, é bom; se está passado, é mau; se não tens a certeza, experimenta no gato”.

João Luís Barreto Guimarães, in Palestra proferida na 8ª Edição das “Correntes D’Escritas”, 2007