25/04/17

© Ana Hatherly | 25 de Abril de 1974, Lisboa

"A rua, principalmente a rua. Os milhares e milhares de pessoas que, logo de manhã e, depois, pela tarde dentro, saíram espontaneamente para as ruas e praças. Sem convocatória, sem bandeiras, sem palavras de ordem, sem dísticos: apenas a voz. Aqueles gritos de “Liberdade! Liberdade!”, aquela alegria deslumbrada, de quem não acredita e esfrega os olhos com receio de estar a sonhar. Não havia ainda partidos a dividir-nos, não havia desconfiança, não havia suspeita. Nunca, como nesse dia e nos dias imediatamente a seguir, estivemos tão próximos uns dos outros. A minha cabeça e o meu coração estão, naturalmente, cheios de memórias desses desmesurados tempos." 

Manuel António Pina

22/04/17

© Largo Alto | Concerto Divino Sospiro

...e somos levados pela música sem dar por isso.

T.S.Eliot

21/04/17


Dia 21 de Abril, às 21 horas, na Igreja do Menino Deus em Lisboa.
ENTRADA LIVRE.

03/04/17

© Vivian Maier 

Agora penso. Porque fazemos nós alguma ideia de como a felicidade e a infelicidade são distribuídas? Elas surgem no interior do humano, tal como bem pensa a maioria das pessoas no nosso tempo racional, e somos nós mesmos que criamos a nossa felicidade ou infelicidade, a questão é o que se entende por 'nós mesmos' num tempo assim - se não é apenas uma concentração de células que concretizam um código genético e que é modificado por experiências, que são activadas ou desactivadas por pequenas tempestades electroquímicas, de maneira que algo determinado seja sentido, pensado, dito, feito? E que as consequências exteriores disto criam uma nova tempestade interior, e uma subsequente série de sentimentos, pensamentos, verbalizações, gestos? 

Karl Ove knausgård, in No Outono