22/02/16

© Miguel Bartolomeu | Ricardo & Cindy, 2015

É isso que é o amor. Não há nenhuma resposta clara para isso. Quando se reconhece que há alguém mais importante que nós, decidimos, se pudermos, ligar as duas vidas uma à outra. (...) Há um ponto em que a razão expira, em que as opções deixam de ser racionais. Devemos usar a razão, mas não para além do ponto em que ela perde o sentido. E claro, um casamento ou uma relação entre pessoas, obriga-nos a pensar muitas coisas. Mas chega a altura em que todas as razões pró e contra se esgotaram e só nessa altura nos rendemos à vida e ela se torna uma coisa de suprema importância, mas é a vida de um ser consciente de si próprio, não apenas um animal. (...) Ter este sentimento para com outra pessoa e estarem ambos preparados para isto, já é automaticamente viver acima dessa rotina quotidiana, sair dela e experimentar algo sublime.

Roger Scruton, in O Belo e a Consolação

15/02/16

© Bernardo Martins | The Irish west coast, Inch Beach, 2015


...hei-de passar um fio através dos meus poemas para que o tempo
e os acontecimentos fiquem unidos,
E todas as coisas do universo sejam milagres perfeitos, cada um tão
profundo como os outros.

Walt Whitman

09/02/16

© Stuart Franklin

Mal sabia que cada traço daquela paisagem e cada ser humano que a habitava ficariam em mim como recordações permanentes, com a nitidez e a exactidão de uma espécie de ouvido absoluto da memória.

Karl Ove knausgård, in A minha luta: 3 - A ilha da infância

07/02/16

© Jonas Bendiksen/Magnum Photos


... sentada na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabias e por onde nunca viajarias, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e disseste, com a serenidade dos teus noventa anos e o fogo de uma adolescência nunca perdida: «O mundo é tão bonito e eu tenho tanta pena de morrer.» Assim mesmo. Eu estava lá.

José Saramago, in As Pequenas Memórias

04/02/16


Tindersticks | The waiting room, 2016


"(...) sim, sempre com a minha mão no teu ombro, agarrados um ao outro, apoiando-nos um ao outro, fugimos, como dois amantes solitários e desesperados neste universo aterrador e cheio de fealdade, que só o amor permite enfrentar, e pronto, deixamos tudo para trás de nós, caminhamos sob as árvores, pelas ruas vazias, silenciosas e melancólicas, olhamos para as luzes coloridas dos restaurantes e dos cafés, ao longe, e falamos, com um entendimento mútuo vindo do fundo do coração, como dois apaixonados de quem o mundo inveja não só o amor mas também a profunda amizade (...)".

Orhan Pamuk, in A casa do silêncio

03/02/16

© Martin Parr/Magnum Photos | Peru - Lima, 2015


Nós não somos deste mundo.

Luís Filipe Castro Mendes

01/02/16

© Richard Linklater


Quando voltei a mim, ouvia-se ao longe "More Than This" dos Roxy Music: olhei para o tecto da tenda e, por algum motivo que não compreendia, mas aceitei, senti-me mais feliz que nunca.

Karl Ove knausgård, in A minha luta: 3 - A ilha da infância