23/09/15

© Martin Parr/Magnum Photos | Martin Parr estúdio, 2009


Memória como um quarto, como um corpo, como um crânio, como um crânio que encerra o quarto no qual um corpo está sentado. Como na imagem: «um homem estava sentado sozinho no seu quarto».
«O poder da memória é prodigioso», observa Santo Agostinho. «É um santuário imenso, imensurável. Quem poderá sondar as suas profundezas? E, no entanto, é uma faculdade da minha alma. Embora faça parte da minha natureza, o certo é que eu não posso compreender tudo aquilo que sou. Isto significa, portanto, que a mente é demasiado estreita para se conter inteiramente a si mesma. Mas onde está a parte da mente que a própria mente não contém? Estará algures fora da mente ela mesma e não dentro dela? Nesse caso, como poderá fazer parte de mente, se não é contida por ela?»

Paul Auster, in Inventar a solidão

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