21/03/13

© Daniel Mordzinski | André Gorz e Dorine


Somos as pontas de uma mesma fita
e acordamos atados de manhã num
nó que ainda demora a desfazer. Ao

levantar-me, arrasto-te comigo, mas
no resto da vida é ao contrário - e eu
nem me importo que me leves atrás
se o laço for contigo, e apertado. Mas,

quando calha, é mais comprida a fita; e
eu - inquiéta, sem saber onde estás - fico
a contar os metros, aflita, e a magicar em 
franzido se embaraços. Eis se não quando

tu pareces amarrotado de cansaço e nos
meus braços logo te desfias. Vencido
o susto, passa-se a fita a ferro - para
se enredar de novo num nó cego que 
de manhã vai ser um custo desatar.

Maria do Rosário Pedreira

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