23/04/15

© Rita Carmo | Aldina Duarte - Romance(s), 2015


No final do disco, a amizade vence. E na vida?
Aldina Duarte: Eu acho, ao contrário do poeta, que é possível ser feliz sozinho. Porque senão eu não existia, sempre fui uma solitária desde criança. E aprendi a ser feliz. Mas nunca vamos tão longe se não tivermos os nossos companheiros. Eu não consigo valorizar mais o amor do que uma amizade. A maior dor que tive na minha vida, irreparável, foi a perda de uma amizade e não de um amor. É pior do que uma morte. É um copo que se parte, não tem como se refazer. E deixa estilhaços por todo o lado, é horrível.

Como é que se recupera de uma coisa dessas?
Aldina Duarte: Não se recupera, integra-se. Não se consegue aceitar isso nunca.

E essa integração dá o quê?
Aldina Duarte: Dá uma dor que nos ensina a viver com ela e a não fugir dela. Abomino o sofrimento, acho-o um lamaçal, mas a dor é fundamental para crescer. Faz parte da vida e há que olhá-la de frente. Quem não cresce por medo da dor, mais tarde ou mais cedo definha.

Nuno Pacheco, aqui.

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