06/08/14

© Bernardo Martins, 2014


Frágil, sim, sou frágil, sempre fui extremamente frágil. E pensei que essa fragilidade era uma característica particular que me tornava único e diferente de todos os homens. Era um ser anómalo, pensava, e daí o meu sentimento de inferioridade em relação aos outros, que não o eram, uma vez que encarnavam a norma que eu nunca conseguiria instituir em mim. Só mais tarde, descobri que a anomalia era a norma inerente à condição de todos os homens, sujeitos à contingência, à adversidade, à incerteza radical e à finitude irremediável. Compreendi então que cada homem é um mundo de mundos...

António Ramos Rosa, in A composição dos mundos - Prosas seguidas de diálogos

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