01/01/14

Em quem pensar, agora, senão em ti

© Fernando | auto-retrato

"É isso que é o amor. Não há nenhuma resposta clara para isso. Quando se reconhece que há alguém mais importante que nós, decidimos, se pudermos, ligar as duas vidas uma à outra. (...) Há um ponto em que a razão expira, em que as opções deixam de ser racionais. Devemos usar a razão, mas não para além do ponto em que ela perde o sentido. E claro, um casamento ou uma relação entre pessoas, obriga-nos a pensar muitas coisas. Mas chega a altura em que todas as razões pró e contra se esgotaram e só nessa altura nos rendemos à vida e ela se torna uma coisa de suprema importância, mas é a vida de um ser consciente de si próprio, não apenas um animal. (...) Ter este sentimento para com outra pessoa e estarem ambos preparados para isto, já é automaticamente viver acima dessa rotina quotidiana, sair dela e experimentar algo sublime."

Roger Scruton, in O Belo e a Consolação

2 comentários:

  1. Amanhece e acordam os amantes. Partem e levam consigo o prazer, a resposta apaixonada, a cortina que se abre: devemos partir e viver o amor.

    Beijo-te,

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    1. Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu , que
      me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
      manhã da minha noite. É verdade que te podia
      dizer: « Como é mais fácil deixar que as coisas
      não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
      apenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-me
      a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
      até sermos um apenas no amor que nos une,
      contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor;
      ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
      voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
      esse que mal corria quando por ele passámos,
      subindo a margem em que descobri o sentido
      de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
      que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
      de chegar antes de ti para te ver chegar: com
      a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
      fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
      a primavera luminosa da minha expectativa,
      a mais certa certeza de que gosto de ti, como
      gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.

      Nuno Júdice

      Beijo-te,

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