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© Marc Riboud | China, 1965 |
"É esta
relação com o universo que define o poema como poema, como obra de criação
poética. Quando há apenas relação com uma matéria há apenas artesanato. É
o artesanato que pede especialização, ciência, trabalho, tempo e uma estética.
Todo o poeta, todo o artista é artesão de uma linguagem. Mas o artesanato
das artes poéticas não nasce de si mesmo, isto é, da relação com uma matéria
como nas artes artesanais. O artesanato das artes poéticas nasce da própria
poesia à qual está consubstancialmente unido. Se um poeta diz
«obscuro», «amplo», «barco», «pedra», é porque estas palavras nomeiam a sua
visão do mundo, a sua ligação com as coisas. Não foram palavras escolhidas
esteticamente pela sua beleza, foram escolhidas pela sua realidade, pela sua
necessidade, pelo seu poder poético de estabelecer uma aliança. E é da
obstinação sem tréguas que a poesia exige que nasce o «obstinado rigor» do
poema. O verso é denso, tenso como um arco, exactamente dito, porque os
dias foram densos, tensos como arcos, exactamente vividos. O equilíbrio das
palavras entre si é o equilíbrio dos momentos entre si."
"e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
ResponderEliminardeixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia"
[al berto]
beijo-te,
"Só de vez em quando os seus pensamentos perdiam-se num nevoeiro de suave melancolia." Robert Musil
EliminarBeijo-te,