21/04/13



"Walser conhecia, embora não profundamente, os homens - o bastante para não ter ilusões exageradas. Por isso comprara já o seu machado, de dimensões significativas, bem guardado é certo (quase escondido) num dos compartimentos da casa de mais difícil acesso, pois tal objecto era para Walser uma quase indesculpável infiltração de agressividade num espaço - o seu - que fora construído para atrair o oposto: a cordialidade, o aperto de mão entre dois homens que se entendem depois de uma longa conversa argumentada, um abraço comovido de uma despedida e, eventualmente, quem sabe - Walser ainda mantinha essa esperança -, um beijo apaixonado, o encontrar de uma companhia definitiva".

Gonçalo M. Tavares, in O senhor Walser

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