© F.M. | Setembro, 2012
"Há
um ano antes e um depois da minha catarse de semanas atrás. «Quando
algo se conclui, devemos pensar que algo começa de novo», recordo ter-me
dito então. E assim tem sido. A princípio, sabia o que tinha perdido,
mas não o que podia começar. Avancei às apalpadelas e o que surgiu foi a
irrupção de um certo sentido da calma aplicado à vida. Andava à
demasiado tempo com a impressão de que a organização do mundo estava a
atirar-me cada vez mais para um futuro de crescente velocidade que me
roubava o presente e me obrigava a viver sempre no futuro, na vida que
não existe.
Era como se vivesse não para viver, mas para já estar morto. Agora tudo tem um outro ritmo, já vivo fora da vida que não existe. às vezes detenho-me a olhar para o curso das nuvens, olho tudo com curiosidade fleumática de diarista volúvel e passeante acidental: sei que dou vontade de rir mas pouco me importa."
Enrique Vila-Matas in, Diário Volúvel
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