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© Guy Le Querrec | Berlim, 1989 |
Se o homem pudesse dizer o que ama,
Se o homem pudesse levantar seu amor pelo céu
Como uma nuvem na luz;
Se como muros que se derrubam,
Para saudar a verdade erguida no meio,
Pudesse derrubar seu corpo, deixando só a verdade de seu amor,
A verdade de si mesmo,
Que não se chama glória, fortuna ou ambição,
Mas amor ou desejo,
Eu seria aquele que imaginava;
Aquele que com sua língua, seus olhos e suas mãos
Proclama ante os homens a verdade ignorada,
A verdade de seu amor verdadeiro.
Liberdade não conheço senão a liberdade de estar preso em alguém
Cujo nome não posso ouvir sem arrepio;
Alguém por quem me esqueço desta existência mesquinha,
Por quem o dia e a noite são para mim o que quiser.
E meu corpo e espírito flutuam em seu corpo e espírito
Como troncos perdidos que o mar afoga ou levanta
Livremente, com a liberdade do amor,
A única liberdade que me exalta,
A única liberdade por que morro.
Tu justificas minha existência:
Se não te conhecer, não vivi;
Se morrer sem te conhecer, não morro, porque não vivi.
Luís Cernuda