21/08/15

© Fernando M. | Lisboa, 2015



Põe uma folha em branco na mesa à sua frente e escreve estas palavras com a sua caneta. Foi. Nunca mais voltará a ser.

Paul Auster, in Inventar a solidão

20/08/15

© Enzo Sellerio



O arrependimento só devia ser permitido aos mortos. Os vivos podem sempre agir. Corrigir.

Dulce Maria Cardoso, in O chão dos pardais

19/08/15

© Bernardo Martins, 2015


O mundo começava com uma chegada, que era uma partida. Com uma viagem. É ali: lugar a que mais tarde viria a dar um nome. Um lugar que começou a crescer, até não haver lugar algum. Ou só a indiferença de todos os lugares...

Rui Nunes, in Barro

18/08/15

© Harry Callahan


Não sei há quanto tempo isso foi nem sei mais nada sobre o que se passou depois. Nós, os mortos, não sabemos mais do que sabíamos durante a nossa existência terrena e o nosso testemunho é exactamente igual ao que diríamos se fôssemos vivos.

Teresa Veiga, in Gente melancolicamente louca

17/08/15

© Gabor Szilasi | Lake Balaton, 1954


O tempo confunde-nos, não é? Os físicos sabem brincar com ele, mas o resto de nós tem de contentar-se com um presente que passa a correr e se transforma num passado incerto e, por mais baralhado que esse passado possa estar na nossa cabeça, estamos sempre a mover-nos inexoravelmente em direcção a um fim.

Siri Hustvedt, in Verão sem homens

14/08/15

© Vivian Maier | Lovers, Coney Island, 1955


O que em tempos foi o futuro é agora o passado, mas o passado volta como uma memória presente, é aqui e agora no tempo de escrever. Mais uma vez, estou a escrever-me a mim mesma noutro lugar. Nada impede que isso aconteça, pois não?

Siri Hustvedt, in Verão sem homens

07/08/15

© David Oelhoffen | Viggo Mortensen - Loin des hommes, 2014

O que sabemos não é nada comparado com o que nos sentimos impelidos a fazer movidos pela bondade do nosso coração. A sabedoria não se pode transmitir. E, no momento da verdade, não abandonamos nós a sabedoria e não a substituímos pelo amor?


Henry Miller, in Os livros da minha vida

06/08/15

© Vivian Maier 



...há um nome que se prolonga sem resposta: assim começa o exílio...

Rui Nunes, in Armadilha

04/08/15

© Harry Callahan


Se o homem perdeu a crença na imortalidade, qual é então o valor que a substitui?, perguntou Mário. A liberdade, respondi. 


António Ramos Rosa, in Tenho dó das estrelas - Prosas seguidas de diálogos

03/08/15

© Tiago Figueiredo | Bombaim


A sua vida já não parecia situar-se no presente. Sempre que via uma criança, punha-se a imaginar o adulto que essa criança viria a ser. Sempre que via um velho, punha-se a imaginar a criança que esse velho fora.

Paul Auster, in Inventar a solidão