18/07/14

© Margaret Durow


De poetas e filósofos tu sabes,
sabes também por ti. Por isso eu digo:
esta pedra é vermelha, esta pedra é sangue.
Toca-lhe: saberás
como em segredo florescem as acácias
ao redor dos muros, como fluem
suas concêntricas artérias. Acaricia-as: tocas
a parte mais sensível de ti mesmo.

Dizias ontem que o verão ardia
nesta pedra. Nela
queimavas tuas mãos. Onde
as aqueces hoje? Eu digo:
o verão não morreu, esta pedra é o verão.

E tudo permanece. E tudo é teu.
Tu és o sangue, o verão e a pedra.


Albano Martins, in Assim são as Algas

2 comentários:

  1. Anónimo09:24

    poema lindo, Maria...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Júlia,
      O beleza gosta muito de (dar voz à) poesia.
      O mérito é dos poetas e eu agradeço tanto a tua visita e palavras.

      Eliminar