30/08/12

a beleza


© Lucien Clergue
Palazzo Brandolini | Veneza, 1979


"Utilizei a máquina polaroid duas noites. Fotografei o corpo todo nu, de frente, de costas, pormenores de certas partes, os membros em toda a espécie de posições, dobrados, estendidos, sob diversos ângulos. Para que fiz estas fotografias? Em primeiro lugar, porque tenho prazer em tirá-las. É para mim uma alegria mover à minha vontade um corpo de uma mulher adormecida (ou que finge que dorme) para a pôr em diversas posições. Em segundo lugar, é para colar estas fotografias no meu diário. Deste modo, minha mulher vê-las-á certamente. Assim descobrirá a beleza de partes do seu corpo às quais não prestava atenção até agora, e ficará surpreendida com isso. Uma terceira razão, é porque deste modo minha mulher compreenderá o prazer que sinto ao contemplar o seu corpo nu; concordará comigo, e ficará profundamente sensibilizada. (Fará bem em reflectir neste facto muito raro: um marido que vai fazer 56 anos este ano e que está seduzido desta maneira pelo corpo nu de sua mulher de quarenta e cinco anos!)." 

Junichiro Tanizaki in, A Confissão Impudica

Sem comentários:

Enviar um comentário