07/02/12

sinto tanto a tua falta


07.2.1935 - 09.5.2010


"Sinto tanta falta das tuas palavras.

O entardecer, em vagas de luz, espraia-se na terra que te acolheu e conserva. Chora chove brilho alvura sobre mim. E oiço o eco da tua voz, da tua voz que nunca mais poderei ouvir. A tua voz calada para sempre. E, como se adormecesses, vejo-te fechar as pálpebras sobre os olhos que nunca mais abrirás. Os teus olhos fechados para sempre. E, de uma vez, deixas de respirar. Para sempre. Para nunca mais."

José Luís Peixoto in, Morreste-me





2 comentários:

  1. "Dorme, meu amor — a morte está deitada sob o lençol da terra onde nasceste e pode levantar-se como um pássaro assim que adormeceres. Mas nada temas: as suas asas de sombra não hão-de derrubar-me — eu já morri muitas vezes e é ainda da vida que tenho mais medo."
    [M.R.Pedreira]

    Abraço-te,

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  2. Já a luz se apagou do chão do mundo,
    deixei de ser mortal a noite inteira;
    ofensa grave a minha, que tentei
    misturar-me aos duendes na floresta.
    De máscara perfeita, e corpo ausente,
    a todos enganei, e ninguém nunca
    saberia que ainda permaneço
    deste lado do tempo onde sou gente.
    Não fora o gesto humano de querer-te
    como quem, tendo sede, vê na água
    o reflexo da mão que a oferece,
    seria folha de árvore ou sério gnomo
    absorto no silêncio de uma rima
    onde a morte cessasse para sempre.

    António Franco Alexandre

    Abraço-te e assim fico,

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