27/01/16

© Harry Gruyaert


Não vou defender as escolhas que fiz. Se não foram práticas, a verdade é que eu não queria ser prático. O que eu queria era experiências novas. Queria sair para o mundo e pôr-me à prova, saltar de uma coisa para outra, explorar o mais que pudesse. E desde que mantivesse os olhos abertos, achava que, independentemente do que me acontecesse, seria útil e ensinar-me-ia coisas que nunca conhecera antes. Isto poderá parecer um procedimento um bocado antiquado, e talvez tenha sido. Jovem escritor despede-se da família e dos amigos e parte para lugares desconhecidos para descobrir de que é feito. Para o melhor ou para o pior, duvido que qualquer outro caminho tivesse sido conveniente para mim. Tinha energia, uma cabeça fervilhante de ideias e pés ansiosos por andar. Dado o tamanho do mundo, a última coisa que desejava era jogar pelo seguro.

Não me custa descrever estas coisas e recordar como me fizeram sentir. A complicação só começa quando pergunto por que motivo as fiz e senti o que senti.

Paul Auster, in Da mão para a boca

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