25/04/15


"A minha ideia e a minha preocupação a fazer esse livro [O Tesouro] era explicar a jovens que nasceram em liberdade o que era a falta de liberdade... No livro, diz lá assim: "A liberdade é como o ar que respiramos"... Nós nem nos damos conta de que respiramos, respiramos e pronto, mas quando nos falta o ar é um sufoco. E a liberdade é uma coisa parecida... vocês nem se dão conta de que são livres, mas quando perdemos a liberdade é um sufoco enorme. E depois queria tentar, através de histórias verdadeiras e de pequenos pormenores, explicar como não haver liberdade é completamente absurdo, não é natural. A razão não consegue alcançar como eram proibidas coisas como, para jovens como vocês, as raparigas não poderem andar nas mesmas escolas do que os rapazes, tinham de estar separadas. É estúpido, não é? Não é completamente estúpido os rapazes não poderem estar nas mesma escola que as raparigas? É sempre estúpido, mas naquele tempo era imposto. Não faz sentido nenhum... Nas bibliotecas, havias duas bibliotecas: uma com livros para raparigas, outra com livros para rapazes. É absurdo. Não podíamos ler os livros e as músicas que queríamos... Eram coisas absurdas... A ausência de liberdade é absurda e foi isso que quis dizer nesse livro." 

Manuel António Pina, in JN

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