04/09/13

O Belo e a Consolação | Yehudi Menuhin, 1999


Yehudi Menuhin: "Confesso que não tenho grande paciência para recordações, locais de recordações que são explorados por religiões, como os lugares sagrados de Jerusalém, em que as diferentes fés lutam por cada centímetro cúbico de chão sagrado cobrando de acordo com isso e... Para mim isso amesquinha a religião. Mesmo quando vi os monumentos in memoriam, judaicos e católicos, e por aí fora..., senti que era um crime contra a humanidade, uma ferida. E gostaria de incluir todos os crimes que agora ocorrem em nome de qualquer religião do mundo. E ver isso açambarcado por uma religião em particular, que procura reivindicar mártires... Não sei, poderá ser uma reacção muito pessoal e subjectiva, mas não gosto de ver bandeiras desfraldadas sobre um território. Nem bandeiras religiosas. Gostava era de ver essa memória aplicada em medidas preventivas para o futuro. Educação, mostrar às pessoas aquilo de que a natureza humana é capaz. Não uma bandeira erguida a dizer «sofremos», mas no ar a pergunta: «Como evitar que aconteçam abominações destas? Até que ponto somos responsáveis por elas?» Porque cada pessoa é, até certo ponto, responsável. Toda a gente. Nem que a responsabilidade seja infinitésima. E até todos admitirmos que, em certas circunstâncias, todos somos capazes de agir de forma terrível e nos pormos em guarda contra nós mesmos, sabermos que o que nos pode salvar, e evitarmos que aconteça." 

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