Roger Scruton: "Quanto a consolações quotidianas, posso dar-vos alguns exemplos. A minha consolação principal é a minha mulher, que é o meu primeiro e principal objecto de afecto na minha vida. Ela mudou a minha vida. (...) Só recentemente tive o conforto de usufruir essa alegria noutra pessoa. (...) Já tinha sido casado mas não retirava daí consolação. Mas agora retiro. (...) Muitos aspectos, mas o mais importante talvez seja ela ser mais importante do que eu e os sentimentos dela me dizerem constantemente respeito. E isso, é claro, é uma coisa que dá grande consolação, pois significa que temos uma razão, no meio de toda a nossa experiência, temos uma razão para dizer, «deixa de pensar em ti mesmo», não é isso que é importante.
Wim Kayzer: Por que é que ela é mais importante?
Roger Scruton: É isso que é o amor. Não há nenhuma resposta clara para isso. Quando se reconhece que há alguém mais importante que nós, decidimos, se pudermos, ligar as duas vidas uma à outra. (...) Há um ponto em que a razão expira, em que as opções deixam de ser racionais. Devemos usar a razão, mas não para além do ponto em que ela perde o sentido. E claro, um casamento ou uma relação entre pessoas, obriga-nos a pensar muitas coisas. Mas chega a altura em que todas as razões pró e contra se esgotaram e só nessa altura nos rendemos à vida e ela se torna uma coisa de suprema importância, mas é a vida de um ser consciente de si próprio, não apenas um animal. (...) Ter este sentimento para com outra pessoa e estarem ambos preparados para isto, já é automaticamente viver acima dessa rotina quotidiana, sair dela e experimentar algo sublime.", in O Belo e a Consolação
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