© Fernando | auto-retrato |
"É isso que é o amor. Não há nenhuma resposta clara para isso. Quando se reconhece que há alguém mais importante que nós, decidimos, se pudermos, ligar as duas vidas uma à outra. (...) Há um ponto em que a razão expira, em que as opções deixam de ser racionais. Devemos usar a razão, mas não para além do ponto em que ela perde o sentido. E claro, um casamento ou uma relação entre pessoas, obriga-nos a pensar muitas coisas. Mas chega a altura em que todas as razões pró e contra se esgotaram e só nessa altura nos rendemos à vida e ela se torna uma coisa de suprema importância, mas é a vida de um ser consciente de si próprio, não apenas um animal. (...) Ter este sentimento para com outra pessoa e estarem ambos preparados para isto, já é automaticamente viver acima dessa rotina quotidiana, sair dela e experimentar algo sublime."
Roger Scruton, in O Belo e a Consolação
Amanhece e acordam os amantes. Partem e levam consigo o prazer, a resposta apaixonada, a cortina que se abre: devemos partir e viver o amor.
ResponderEliminarBeijo-te,
Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu , que
Eliminarme esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: « Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor;
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.
Nuno Júdice
Beijo-te,