© Robert Mapplethorpe | Patti Smith, 1978
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A
mulher muitas vezes avança
A
mulher muitas vezes caminha pela borda
Do
vestido. Pudesse tocar
A
fímbria ou a franja de toda a casa
Ela a
sararia. Ela sairia
Com o
cabelo solto
Muitas
vezes a mulher prende o cabelo com as mãos
Cose
muitas vezes com a lâmpada por dentro - a agulha
A
cerzir o brilho. A mulher remenda
A
lâmpada apagada. Por dentro
O
coração ponteia alguma luz
A vida
roda, o vestido rompe-se
A
mulher é um barco quando se afunda
A
hélice gira - gera como planta
Em
redor da luz. A mulher
Anda em
redor como corola
Sem
pólen
A
azenha anda à volta na memória e a água corre-lhe
Dos
olhos. Põe o coração para a frente como os fuzilados
Enxuga
os olhos como se espalhasse. A mulher
Varre
infinitamente mais do que o que vemos ou somos capazes de
imaginar
E há
imagens na terra
Que
nunca lembram o céu
Daniel
Faria
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