09/01/13

© Edouard Boubat 


Amar é perder-se no tempo,
ser espelho entre espelhos.
Ao que é temporal chamar eterno...
Amar é despenhar-se
cair infindavelmente,
o nosso par
é o nosso abismo...
amar é duplo
e sempre dois
dois é querer continuar o mesmo
e já ser outro, e outra
amar é ter olhos nas pontas dos dedos
tocar no nó em que se enlaçam
quietude e movimento
Quero-te...
A tarde foi a pique
lâmpadas e reflectores
devassam a noite
com palavras de água, chama, ar e terra
inventamos o jardim dos olhares
diante de nós
está o mundo. 

Octavio Paz

2 comentários:

  1. "Se tu és a montanha amarela
    eu sou os braços vermelhos do líquen
    Se tu és o sol que se levanta
    eu sou o caminho de sangue"

    [Octavio Paz, in "Salamandra"]

    Beijo-te,

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    Respostas
    1. "Sim, somos mortais, somos filhos do tempo e ninguém se salva da morte.
      ...
      Mas o amor é uma das respostas que o Homem inventou para olhar de frente a morte.
      ...
      O amor é intensidade; não nos oferece a eternidade mas a vivacidade, esse minuto no qual se entreabrem as portas do tempo e do espaço: aqui e lá, e agora e sempre." Octávio Paz, in A Chama Dupla

      Beijo-te,

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