23/01/12

meu amor,

© Maria | Casa de Serralves, 2011


Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

Manuel António Pina

2 comentários:

  1. "Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração e fome de ternura
    e souberam entender-se sem palavras inúteis
    Apenas o silêncio A descoberta A estranheza
    de um sorriso natural e inesperado

    Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
    Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
    embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
    de um amor subitamente imperativo"

    [Daniel Filipe]

    A quem amo.
    Beijo-te,

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  2. "Nada é real, senão o meu desejo,
    nem sei de lei nenhuma que não dobre
    a dura mansidão da tua boca;
    inventou-nos um deus, para que seja
    veloz o lume na manhã sem nome,
    e chama viva a voz que nos consome."

    António Franco Alexandre

    Assim, nós.
    Beijo-te,

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